Expediente: Antonio de Maia e Pádua (editor) e Paloma Nascimento Cotrim Leiva (revisora)

Durante o segundo semestre de 2022, o Grupo de Trabalho Rua no Distrito Federal e Entorno fortaleceu a atuação conjunta com a Defensoria Pública do Distrito Federal, promovendo atendimentos regulares nos Centros POP de Brasília e de Taguatinga. Foram seis no total.

O GTR DF DPU participou, ainda, do 4º Mutirão PopRuaJud, dessa vez organizado pelo Tribunal Regional Federal, e do Dia Nacional de Luta.

Além disso, houve a aproximação institucional com as gerências dos mencionados centros de referência. A partir desse diálogo, foi dada a conhecer a realidade de limitações vivenciada por quem tenta fazer funcionar os equipamentos, o que permitirá à Defensoria Pública elaborar uma estratégia de incidência junto à administração pública distrital.

Também foram retomadas as conversas com a representação local do Movimento Nacional da População em Situação de Rua que, reorganizado sob nova liderança, voltou a demandar o poder público, afirmando prioridades e sugerindo ações.

Por fim, importante registrar que a estrutura do GTR DF DPU serviu como suporte para o Defensor Regional de Direitos Humanos, em atendimento ao povo Warao, e à Chefia da unidade no Distrito Federal, sempre que possível, em diversos eventos promovidos em conjunto com a Secretaria de Estado de Justiça do Distrito Federal.

Para além das milhares de mortes, o agravamento da miséria também marcou a tragédia humanitária que destroçou o país nos dois primeiros anos da pandemia da Covid-19.

Mais pessoas e famílias foram empurradas para a pobreza, aumentando muito a população em situação de rua. No Distrito Federal, quadruplicou desde 2020.

As quinhentas e noventa pessoas invisibilizadas aos olhos de quem desconhece o rompimento de vínculos hoje excedem as duas mil e cem.

Para quem não tinha um teto sob o qual se abrigar, o dia a dia, já muito difícil, tornou-se ainda pior na pandemia.

O risco aumentado de cair doente, o desaparecimento de doações e dos pequenos trabalhos, o cruel desmonte e sub

manutenção da rede de proteção social promovida por governos higienistas e autoritários em ambos os planos federativos, tudo a negar dignidade e vulnerabilizar profundamente os direitos humanos da população em situação de rua.

Ultrapassada a fase de administrar o caos, focada na urgência de abrigamento e em impedir as remoções promovidas pela zeladoria urbana, a retomada dos atendimentos para prestar assistência jurídica integral e gratuita encontrou dor, sofrimento e terra arrasada.

O mau tempo e suas sombras não serão eternas, e agora talvez seja a hora em que mais se faz necessário para a Defensoria estar presente, ajudando a alimentar a esperança de reconstruir laços, participar da vida comunitária, experimentar a cidadania e, assim, superar a situação de rua.